O clima entre os que estiveram reunidos quarta-feira passada no Cuxá Recepções, no bairro de Lagoa Nova, era de júbilo, quase euforia, por parte de uns e muita esperança por parte de outros. Estavam ali centenas de pessoas interessadas no que acreditam ser o grande negócio do momento. A reunião que o NOVO JORNAL acompanhou não era de qualquer religião ou algo parecido, mas de inúmeras pessoas que já integram ou querem passar a fazer parte do Telexfree.
Em todo o Rio Grande do Norte, segundo a empresa, cerca de 75 mil pessoas participam do que ela trata como “marketing multinível binário finito”. No país são mais de 540 mil pessoas, que correspondem a 90% dos clientes mundiais da Telexfree, que foi aberta em 2002 nos EUA e em fevereiro do ano passado chegou ao Brasil. Países como Canadá, Espanha, Chile, Portugal, Itália e França também possuem representantes.
Tendo por base somente os valores de investimento mínimo que cada pessoa precisa aplicar para se tornar um dos divulgadores, como são nominados os integrantes, que giram em torno dos R$ 580, é possível calcular que os potiguares já teriam movimentado uma fortuna – cerca de R$ 43,3 milhões.
Como a sede da Telexfree é localizada nos EUA, os valores de adesão e dos pacotes de VoIP (Voice over Internet Protocol), chamadas telefônicas pela internet, que é o produto oferecido no sistema, são tratados em dólares (US$). Para se tornar um divulgador, é preciso aderir à empresa, pela qual é cobrado US$ 50 por um contrato de um ano.
O pacote mínimo, com 10 contas Voip, é chamado de AD Central e custa 289 dólares. Cada conta, segundo a empresa, disponibiliza um login e uma senha que dá acesso ao software para fazer a ligação, que libera 30 dias de ligações telefônicas ilimitadas pela internet. Além do Central, existe também o Family, com 50 contas, que custa aproximadamente R$ 2.750.
Ao adquirir o pacote, o valor para revenda de cada conta é de pouco menos de 50 dólares. Assim, o divulgador ganharia 20 dólares em cada operação. E aquele que compra um pacote beneficia com 2% do valor da transação aos divulgadores que estejam cinco níveis acima dele e tenham colocado no mínimo mais duas pessoas na empresa.
Além disso, há o processo de divulgação da empresa. Os mesmos divulgadores que compram e devem vender os pacotes VoIP são incumbidos de publicar diariamente um texto ou imagem padrão. Um anúncio para cada dez contas adquiridas. A cada semana completa de divulgação, o bônus oferecido é de uma conta. “Isto tudo mostra a diferença da Telexfree. Não somos uma pirâmide porque a adesão tem um tempo de duração e não há o benefício apenas para quem está no topo. E nós temos um produto, que é vendido. É preciso trabalhar para fazer uma boa rede e não apenas esperar o dinheiro, por conta de uma base com muita gente”, justifica o advogado Horst Fuchs, representante jurídico da empresa.
Para explicar tudo isso, a empresa convoca, em Natal, uma reunião por semana. Em meio a uma enxurrada de denúncias, reclamações e investigações que pipocaram pelo país desde o início do mês de março, o local da reunião, anexo de um hotel da capital potiguar, o Residence, já não suporta mais o público que é atraído pelos divulgadores, como são tratados os que fazem parte do sistema.
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